quinta-feira, 28 de julho de 2011

Última lembrança


Já retirei a lembrança.
Foi a coisa mais dolorosa de fazer
nos últimos sete meses.
Foi até mais doloroso
do que te ver partir.
Foi uma maneira de adimitir isso a mim mesma,
de mostrar que não existem esperanças,
de mostrar que é passado.
Eu ainda sinto o peso dela no meu dedo,
ainda passo o polegar pelo lugar onde ela deveria estar
e sinto falta dela.
Aquela pequena porção de prata,
que já havia perdido o significado para você,
fazia parte de mim.
Foi como retirar um órgão,
pior,
foi como retirar o último laço,
a última lembrança.

De vez em quando,
ainda pego ela
e a adimiro,
brinco com ela por entre os meus dedos.
Ela é fria,
tão fria quanto você.

Eu ainda a beijo,
mania que peguei desde a primeira vez que você a pôs no meu dedo.
Lembro daquele dia;
você sentado na minha cozinha, ao meu lado,
eu fiquei olhando o presente,
sentindo seu significado...
a beijei,
e nisso percebi que você me observava;
você me deu um sorriso de anjo
e me olhou nos olhos
com um olhar de satisfação, alegria.
Agora,
não passa de passado.
A aliança, assim como eu,
guarda aquele momento,
guarda quando você disse
"eu te amo"
pela primeira vez
e abriu a caixinha de veludo vermelho;
lá dentro,
as alianças, a sua e minha aliança.
Hoje,
a última lembrança.

Mas eu não quero sentir falta.
Em breve,
ela ficará guardada para todo o resto dos tempos.
E se eu voltar a adimirá-la,
será apenas lembrando,
sem sentir falta
do passado feliz.
E ela ficará lá,
dentro de um caixinha de jóias,
guardada com as minhas lembranças.
Com uma vida sem você.
Ela ficará lá,
como uma última lembrança.


Lara Cristina Veiga Bernardo 13/07/2011

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